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Quase que podemos dizer que este ano temos a plantação de cebolas mais espectacular de todos os tempos: foi plantar e deixá-las crescer. Com vista para o Atlântico. À beira de um pinhal. Com uma rega aqui e acolá.
Estávamos há umas semanas à espera disto. E andávamos desertos de começar esta colheita em particular. A expectativa era alta. E no campo é assim: planta-se num mês para ver resultados meses depois. Há que ter paciência.
Quando o Daniel nos chegou com aquele bigodinho a parecer as ondas da Nazaré quando está alerta amarelo - estava a rir-se, ora pois - e faz uma barulheira a pousar a caixa dizendo "Eh pessoal! Já temos cebolas!" sabemos que são cebolas espectaculares. Isto porque o grau de exigência do Daniel é elevado. Quem o conhece sabe que sim. Que é.
Para termos estas cebolas demos o litro. Foram primeiro semeadas e só depois passaram do viveiro para o chão. Mas a sementeira também pode ser directa, depende do chão onde se quer que elas se criem, depende do tempo, depende da variedade. Da sementeira à plantação podem passar dois ou três meses. Quem gostar de ver trabalho a aparecer feito não deve, portanto, semear cebolas. Nem plantar. É que depois disto podem passar mais quatro mesinhos até andarmos em rancho, de rabo para o ar, a colhê-las.
A melhor maneira de acondicionar as cebolas em casa é num sítio seco e arejado, preferencialmente num cestinho de madeira ou verga, uma caixa de papelão. Isto por se tratarem de materiais que “respiram” e “deixam respirar”. Quando se recebe o melhor cabaz do mundo - um cabaz da Dona Horta - deve sempre retirá-las do saquinho e guardá-las bem longe das batatas – elas odeiam-se! (Estamos a falar a sério).
As cebolas novas não são as nossas preferidas para guardar – até evitamos fazê-lo pois perdem qualidade. Estas cebolas são as melhores – mesmo! - para as saladas e para as tartes, sempre cruas. E a rama fresca até pode ser aproveitada para sopa, para arroz, para guisados e quiches, sem desperdiçar nadinha. Só podiam ser da Dona Horta, não é verdade?