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... ai espera que não é nada disso!

 

As favas são dos "feijões" mais tradicionais deste nosso paraíso. Há receitas inexplicáveis de norte a sul do país e até nas ilhas. Elas adoram bacalhau assado, chouriço, entrecosto. Elas são idolatradas por meia dúzia e abominadas por outra meia. É assim, quais vedetas.

 

Vedeta que se preze tem de ter filme pelo meio. Ou série, também serve. Pois bem. As nossas favas foram semeadas a tempo e horas mas as condições atmosféricas foram sempre dando para um grande baile (como aquele em que o coche se transforma em abóbora). Depois disso, já havia favas à venda por tudo quanto era sítio e as nossas... Bom, estavam de greve. Sossegadinhas ali numa encosta solarenga e abrigadinha. Olhávamos para cada uma das plantinhas e elas guinchavam-nos: "daqui não saio! daqui ninguém me tira!".

 

Eis que vem um aperto de calor, umas chuvas de alerta amarelo e pronto, lá vêm elas como se houvesse toda uma maratona! Na próxima semana há favas no cabaz. São boas (já provámos!) mas são um bocadinho para o feias. Olhando para a fotografia ninguém diria!

 

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Há dias em que achamos que somos priveligiados. Mas depois pensamos no quanto trabalhamos e lutamos diariamente para tudo correr bem e percebemos que muito do que colhemos vem daquilo que temos vindo a semear nestes últimos anos de Dona Horta.

 

Aqui há uns tempos fomos contactados pela Revista Comer (Edições do Gosto) para fazermos parte de um artigo sobre cabazes. Sabíamos que ia ser um desafio ver-nos ao lado de tantos outros, tão iguais mas ao mesmo tempo tão diferentes. Ficámos muito contentes com o resultado.

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Não é fácil fazer cabazes, não é fácil ter produto de qualidade, de sabor genuíno e fresco. É uma luta diária, não escolhe fins-de-semana, não escolhe feriados nem dias santos. Custa muito ter o telemóvel a tocar a todas as horas, nunca ter a caixa de email organizada. Custa muito apanhar grandes molhas enquanto se colhem brócolos ou levar com uma geadinha nos bigodes, de Inverno, enquanto se cortam os espinafritos. Ou levar com aquele bafo insusportável que faz estalar as couves todas e que só acaba de uma maneira: passar-lhes com a freze por cima. Custa. Mas não ter nada para fazer ia custar-nos muito mais.

 

O que temos para oferecer é simples: um cabaz de produtos frescos, saborosos, cultivados com amor, carinho e em respeito pelas boas práticas agrícolas. A um preço justo para os produtores. Há os extras, porque nem todas as famílias são iguais e porque há quem goste mais de pêras do que de morangos. Há o pão, a broa, as bolinhas, amassadas como antigamente e cozidas em forno a lenha. Há azeite e arroz. E sim. O pão vem do padeiro, o azeite do azeiteiro e o arroz vem dos orizicultores mais incríveis do Ribatejo.

 

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Tem sido uma estafa esta luta mas sim, repetimos: tem sido um privilégio. E trabalhar com aqueles que para nós são os melhores do mundo - os nossos produtores - que sabem tudo o que se passa com as suas plantas, como e quando têm o quê, quando é melhor, quando há mais, quando é da época e quando não é - só pode ser uma vantagem. Até porque dar a provar ameixas quando é tempo de romãs só pode ser coisa de outro hemisfério!

 

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Damos as boas vindas à Primavera com um solinho bom, por estas encostas fora e por aí adiante até à serra. Começam a aparecer as primeiras flores, os primeiros passarinhos. E que bom que é ouvi-los. Isso e ver os cordeirinhos aos pulos, uns atrás dos outros, em engraçadas brincadeiras para cima e para baixo... 

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A Celeste começou cedo e começou bem. Começou a trabalhar precocemente – naquela altura era assim – a pintar loiça numa fábrica do Concelho de Alcobaça.

 

Casou, teve filhos, e no meio dessa odisseia que é criá-los, decidiu abraçar a agricultura como modo de vida para ajudar o Sr. seu esposo (que dá pelo nome de Daniel e é um dos nossos queridos produtores). Ele comandava as lides no campo. Ela comandava as lides nos mercados.

 

Passou pelo Mercado de Alcobaça, mais tarde pelo Mercado de Vila Franca de Xira e, posteriormente, pelo Mercado da Castanheira do Ribatejo.

 

Acreditou na Dona Horta desde o início (mesmo quando tudo ainda não passava do papel) e fez com que ela de lá saísse.

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A Celeste acompanha de forma saudável e pro-ativa o desenvolvimento da Dona Horta e não há cliente ou produtor que não saiba quem ela é. Ela quer estar lá, ver como está a ser feito, quer saber tudo. Não se deixa abater com pouco e tem sempre um provérbio cómico para dizer quando alguma coisa corre menos bem. E menos mal! Esta força da Natureza surpreende-nos com o seu empenho em querer que tudo dê certo. E, mais tarde ou mais cedo, com muita fé, trabalho e perseverança, acaba sempre por dar.

 

Adora tricotar (principalmente roupinhas para a sua netinha) e sempre teve animais de estimação por perto – mais recentemente um gato mafarrico que lhe corta as linhas quando ela não lhe dá colo. Gosta muito de decoração de interiores e é fã do Pinterest. Faz uma alimentação super saudável há, pelo menos, dezoito anos. No dia em que ela não souber se um legume é bom ou não apostamos que mais ninguém sabe. Não dispensa kiwis à sobremesa e os brócolos são a sua mais verde perdição.

 

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O António é um dos nossos produtores mais queridos. Seja por ser de um espírito de entre-ajuda incrível seja para provar as frutinhas dos outros produtores e dar o seu aval, o António é um bom garfo.

 

 

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Garfo que se preze também cozinha e o António cozinha bem. Fã de grelos de nabo, partilhou uma receita deles guisadinhos que pode muito bem ser feita com grelos de couve. Ora cá vai.

 

1 molho de grelos lavados e migados

1 cebola descascada e picada

3 dentes de alho descascados e picados

1 molhinho de salsa picadinha

1 folha de louro lavada

1 copo de vinho branco

1 chávena de arroz

2 chávenas de água quente

azeite e sal qb

 

Num tacho coloca-se azeite até cobrir o fundo. Quando quente (o azeite), refogam-se a cebola, o alho, a salsa e o louro. Assim que tomarem cor juntam-se os grelos e o vinho branco. Tapa-se e deixa-se cozinhar por cinco minutinhos em lume brando.

Adiciona-se o arroz e a água (quente), mexe-se, tempera-se de sal e deixa-se apurar até que o arroz fique bem cozido.

 

O António disse-nos que costuma acompanhar este guisadinho com uns joaquinzinhos ou um peixinho de espada frito. Nós concordamos.

 

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... Os grelos de couve são reis. São, muito provavelmente, os últimos. Por ora. Mas não os últimos deste ano que lá para Novembro há mais. "Novembro? Mas ainda falta tanto..." Falta pois. Mas já vamos em Março, na décima primeira semana de cinquenta e duas. Passa a correr!

 

Em mais ou menos correrias o cabaz desta semana é apropriado para maratonistas: batata, cebola, cenoura, grelo de couve, nabo sem rama, maçã, kiwi e alface no médio. O grandalhão tem ainda espinafres, laranjas e ervas acrobáticas. Perdão. Aromáticas. 

 

 

 

 

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Os grelos, sejam de couve ou de nabo, são uma hortaliça que caiu em desuso no prato do comum português nos últimos anos. Fosse por força do seu peso na carteira, fosse por força do sabor (óbvio que grelos chocos – destes e d'outros – não sabem bem a ninguém), surgem agora, muito timidamente, nos pratos dos principais chefs e das nossas cozinheiras favoritas.

 

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O Inverno é a altura de eleição destes meninos. De Novembro a Março eles andam perto, tanto uns como outros. Um dos nossos especialistas, o Sr. Daniel (na foto a atar um molhinho deles para uma encomenda) explicou-nos que os grelos são semeados em Setembro, “lá mais para o fim. Depois são colhidos até Março e para se criarem não precisam de pesticidas nem nada dessas coisas, pelo menos aqui para os lados do Bárrio.” São então três ou quatro meses do mais puro amor agrícola.

 

Perguntámos-lhe ainda: “Sr. Daniel e como é que gosta deles?” Respondeu-nos com um sorriso: “prefiro os grelos de nabo aos grelos de couve e, rapariga, não me perguntes porquê porque gostos não se discutem. Do melhorzinho que me podem por ao lado deles é batata cozida e bacalhau. Com azeite e alho!”.

 

Entretanto, enquanto conversávamos, apareceu o Sr. António Lopes, também produtor Dona Horta. “Grelos? Grelos? De nabo! E guisados!”. Bom, grelos de nabo guisados? “Como é que você faz isso, Sr. António?” Ele disse-nos e ficámos com água na boca.  

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[...] O emigrante de quem falo tem hoje setenta e dois anos, emigrou aos cinquenta e quatro, e andou com as sementes no bolso durante dezassete anos - à espera de um quintal para as semear. Se isto não é dramático, não sei onde será hoje possível encontrar o drama. Durante dezassete anos, as sementes esperaram pacientemente a sua hora, o quintal prometido, a terra fertilíssima. Entretanto, o nosso compatriota, cada vez mais cansado, cada vez mais velho, mas sempre esperançoso, percorria a Austrália de ponta a ponta, cruzava os desertos, rondava os portos de mar, penetrava nas grandes cidades, inquiria do preço dos terrenos, numa busca ansiosa. Aos marinheiros do Gama deu Camões a Ilha dos Amores e o Canto Nono; este viajante português do século XX declara-se feliz, realizado, pleno, quando, de metro em punho, com os pés na regueira fresca, bate o recorde da altura em couve e comunica o feito às agências de informação. Convenhamos, amigos, que só um coração empedernido se não deixaria mover a uma lágrima de enternecimento. [...]

José Saramago, «Elogio da Couve Portuguesa» in A Bagagem do Viajante

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Dona Horta

A Dona Horta é um serviço de entrega de produtos frescos, naturais e saudáveis. Preparamos todas as semanas cabazes de fruta e hortaliças da época e entregamos em locais e horários pré-definidos. Este método único reduz significativamente a pegada ecológica associada à distribuição e promove uma maior aproximação entre consumidores e produtores nacionais. Mas mais importante, a Dona Horta ajuda a melhorar a dieta e bem estar da sua família. Tudo o que precisa de fazer é saborear o melhor da nossa terra, pois nós tratamos do resto! Visite-nos em www.donahorta.pt



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